quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Trapézio !

Perdido no trilho de terra,
batida e em pó sufocante,
contemplo a magia da serra;
um vale que se encontra distante!

Que brisa de aroma silvestre,
jardim de calhaus em granito,
que imagem do mundo terrestre,
vazio por ser tão bonito !

Nascente de rio e de sede,
ribeira de tais sedimentos,
do pico, trapézio sem rede,
à noite, voam sentimentos !

Devoro a tua postura.
erguida rasgando o céu,
contigo atingo a loucura,
em ti liberto o que é meu !

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Fado !

Nos cantos desta minha cidade,
sinto a história cantar mais profundo,
entre gente que recorda, com idade,
a entrada neste negro novo mundo !

Chora a alma deste fado de Viseu,
desta Sé, tão sozinha de ruelas,
Grão Vasco, que descansa no museu,
saudades que iluminam grandes telas !

Tão Formosa aquela rua lá do alto,
D. Duarte aprecia com certeza,
nem mesmo em tom de sobressalto,
este centro se dispersa da beleza !

És cidade do meu tempo de solidão,
este negro consome a minha história,
és desejo, és porto e coração,
eterna capital da minha glória !

Paciência !

Quando entro neste tempo mais confuso,
actualizo sentimentos dispersados,
procuro descobrir qual o recurso,
para o tempo de objectivos alcançados !

Não sei por que túnel me prolongue,
nem tão pouco quanto tempo ainda resta,
mesmo quando o corpo não responde,
não desisto sem saber se algo presta !

Encontro mais um ponto duvidoso,
desta vida não vivida, existência,
ou tem nexo o que escrevo, fabuloso,
ou sou louco alegremente, paciência !

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Guardar !

Guardo então, este tempo de vida,
num poema numa folha em branco,
resumindo uma língua tão esquecida,
neste fado, tão negro, sem encanto !

Defendo a cultura do meu país,
guardo imagens de tanta história,
alimento a minha escrita que feliz,
se contempla numa rima, ilusória !

E descubro o além da minha alma,
navegando nesse mar de sensações,
e quando o meu corpo pede calma,
escrevo tudo dando uso às reflexões !

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Norte !

Aceita o rumo, vai enfrentando,
a vida tensa que tens em ti,
tu não desistas, imaginando,
o objectivo que te trás aqui !

A vida perde, as coordenadas,
do sentimento que te faz viver,
tu já não tens, horas marcadas,
corre em busca do que dá prazer !

O tempo conta, na tua mão,
os dedos de alma para escrever,
e acredita, no teu refrão,
pra inventar lema pra crescer !

Segue o teu norte, sem ser polar,
vai descobrindo todo esse céu,
e mesmo quando, o sol raiar,
jamais desistas do que é teu !

Esperar !

Provável o gesto mais frio,
caricia de paz e desprezo,
sinto que é tal o desafio,
mas sinto tão pouco, o medo !

Defino a linha mais fina,
o espaço mais curto e directo,
descubro que existe um clima;
que do frio e quente está perto !

Aceito a passada mais tremida,
calçada de uma noite molhada,
percurso de sombra perseguida,
por um fóco, linha recta, alcançada!

E chego ao fim desta etapa,
triste sem saber onde cheguei,
ouço esta vida, que de farta,
me oferece o que sempre desejei!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Lados !

Na parte oposta ao que sou,
há um ser sem nada pra dar,
nem sei para onde eu vou,
mas sinto que posso ajudar !

No oposto visualizo os passos;
vida que aos poucos conquisto,
então vejo-me atado a laços,
que antes não tinha previsto !

O tempo em que o espelho interior,
me ensina a crescer sem travagens,
o espaço em que sendo escritor,
aprendo deixando mensagens !

Obrigado ao lado contrário,
porque sou aquele que quis ser,
Avanço no meu calendário,
com vontade de tudo viver !

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Demência !

Que loucura de palavras,
obstinadas ou trocadas?
Que demência de professia,
ou loucura ou magia...
Que síntese tão remota,
é vitória ou derrota?
Ó loucura, ó demência,
ó síntese sem consequência !

Marca

Eu já procurei,
a minha pegada,
deixada no tempo;
eu não encontrei,
nenhuma marcada,
só senti o vento !

Outrora o que fiz já passou,
e a marca que eu queria, voou;
não posso ficar para chorar,
eu vou caminhar !

A marca do tempo,
não conta segundos,
nem espaços em branco;
por isso lamento,
não ver outros mundos,
e dar-lhes um " canto " !

A vida só tem um caminho,
e eu opto por vê-lo sozinho,
não posso ignorar esta paz,
e eu não volto atrás !

Porque amar-te assim,
não é um poema,
nem nada da alma;
amar-te por fim,
é seres um tema,
que é leve e acalma !

É um sentimento secreto,
e só nos teus olhos disperto,
não me peças para contar;
eu não vou falar !

Velejar

Num barco á vela eu relanço,
o sal de uma vida tão perdida,
velejo por ondas sem descanso;
sou anjo desta vida tão esquecida !

Que mar tão pintado de dor,
deserto de toda a emoção,
oceano sem qualquer tipo de cor,
mantém a preto e branco o coração !

Em que lume ou estrela me confesso...
em que céu ou mar eu me procuro...
em que mundo eu descubro o inverso,
de uma vida iluminada pelo escuro !?


É no brilho de um dia mais seguro,
que acredito na certeza de amanhã,
que se abre a janela para o futuro,
com o sol a raiar pela manha !