sexta-feira, 18 de abril de 2008

Meu fado !

Nestes momentos em que a alma é breve, o peito aperta,
tocam-me os tempos do meu país, no som da minha voz,
em cada passo na minha terra, há uma fé que me desperta,
existe eu, existe o fado e felizmente estamos sós !

No meu destino que já guardei, nesta tristeza,
choro as noites em branco, a vela acesa no canto,
e as sementes que deitei fora numa falsa certeza,
deram vento ao amor, meu profundo desencanto !

E eu tenho...

Saudades do rio, saudades de ser criança,
saudades mas canto, o que resta de esperança,
saudades da poesia inocente que escrevia,
sobre a terra portuguesa onde gaiato eu vivia !

No destino da alma outrora pouco definida,
o tempo trouxe a vontade de navegar e descobrir,
o que perdi na inocência desta vida tão sofrida,
o que fui na minha terra; que será ela a seguir ...

É tão breve este momento de aperto no peito,
que os tempos que me tocam, nem cantam só choram,
desperta a fé da minha alma portuguesa, brasão eleito,
cumpriu-se o fado nesta humilde certeza,

de que tenho

Saudades do rio, saudades de ser criança,
saudades mas canto, o que resta de esperança,
saudades da poesia inocente que escrevia,
sobre a terra portuguesa onde gaiato eu vivia !

Rio !

Nasce rio, inocente, na montanha em altitude,
vai escorrendo nesse vale dando vida a essa terra,
dá azul a este mundo nessa tua inquietude,
pacifíca este mundo, que delicia, que virtude
falar com a minha alma, como falas com a serra !

És veloz nessa descida cujo tempo é ancioso,
desejando o leito calmo da planície que te espera,
nessa força não temes o caminho mais anguloso,
vais por becos montanhosos cujo trilho é perigoso,
condenado a uma vida de um ano ou de uma era !

E chegado à planície pacifícas a paisagem,
dando vida a essas margens que esperavam sem luar,
floresceram esses campos inundados de miragens,
foram arrastadas pedras sem sofrerem as triagens,
que acabam como tu, numa foz que liga ao mar !