quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pedras podres.

Só peço paz,
nada mais que brisa suave
sem tempestade.
Só quero paz,
daquela imperturbável
aos ouvidos da alma que escutam tudo
o que não devem escutar.

Paz de parasitas, de pedras podres,
de hipócritas bolorentos
do fundo da cadeira alimentar.
Paz de mim, dos meus sentidos,
da existência de paciência
para ter de os ignorar.

Só preciso de paz,
para fazer o meu caminho
em estradas múltiplas
onde não me canso de andar,
porque a minha paz,
é já ser feliz sozinho,
espezinhando a vossa inveja
do que eu estou a conquistar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Liberdade de expressão.

Se a temos não a valorizamos,
sem a ter somos gente de bravura,
quando falta, o que falta é animarmos,
para ter força quando a luta continua.
Sem sentirmos nem sequer o esperarmos,
ela foge a passos largos desta rua,
esquecendo que já antes celebrámos
a sua vinda após anos de tortura.

Já não a vemos como simbolo de unidade,
não sentimos quando foge entre os dedos,
já aceitamos que se evite a lealdade,
para evitar mal maior que simples medo,
hoje em dia já se vende a dignidade,
para comprar um pedaço de sossego,
esquecendo que a palavra liberdade,
vale mais do que a palavra emprego !

domingo, 15 de maio de 2011

Sono meu.

É assim que acordo,
olho para um lado, olho para o outro
e o mundo sabe-me a pouco,
não tive lucro nem tive troco
neste longo sonho louco,
que no pouco me deu descanso.

Ergo-me então e avanço,
em frente ao espelho olho para mim,
vejo rugas de muito falhanço,
que quase me levaram ao fim.
Mas não me vou lamentar,
vou voltar a dormir...

Mas não, eu quero acordar,
respirar e partir.
Vamos corpo, ergue-te,
eleva a mente ao som da tua voz,
não temas o mundo, entrega-te,
enquanto eu falar nunca estarás a sós.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Hoje, já.

Já lá vão os tempos da fundação,
em que mortos se fizeram a lutar,
para os vivos após tanta evolução,
humilharem quem ousou sonhar,
já perdeu quase a cor nosso brasão,
já perdemos o saber de navegar,
esperaremos algum D. Sebastião?
Se calhar já cansámos de esperar …

Hoje olhando para os descobrimentos,
perguntamos, será que foi verdade?
porque agora entre o fado e os lamentos,
descobrimos a humana falsidade,
D. Dinis plantou vidas noutros tempos,
que hoje só nos trazem a saudade,
de um país que viveu grandes momentos,
quando os cravos nos traziam liberdade.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Agora.

És tu e outros mais iguais a ti,
cujas armas teimámos em vos dar,
que trouxeram este povo até aqui,
a um mar onde há nada a aspirar,
a não ser que se troque de navio,
já não chega só trocar de capitão,
navegar para sair deste vazio
de ideias, de verdade e de união !

Assim não há vento para andar,
e a nau não tem como conseguir,
entre tanto Adamastor a opinar
no que os lusos tinham de decidir;
As velas estão prontas para nós,
até temos o tempo de feição,
só falta darmos uso à nossa voz,
e provar que todos somos a nação !

É a hora?

Já Camões outrora alertava,
que este povo tinha muita tirania,
após isso até Pessoa relembrava,
que o Império Enconberto se extinguia;
esta história pelo visto não acaba,
perdura até chegar a este dia,
agora que o mar já não dá nada
e o oculto está na democracia !

Logo agora que é preciso navegar,
por mares já antes navegados,
não há quem se digne a comandar,
com a ambição de tempos apagados,
com a honra do que fomos sem mais ser,
com a glória de expandir e conquistar,
são hoje um bando de homens com poder,
que nos levam para o fundo do tal Mar !

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Baú silêncioso.

Olho para ti no teu mundo de quatro paredes,
iluminada por seres e por luz artifícial,
és viagem planetária mesmo sem o quereres,
entre todos os silêncios do barulho intelectual !

Destinos mil, debaixo p'ra cima e ordem inversa,
momentos a mais após desvendar esses teus fins,
posso sentar, parar e olhar sem nunca ter pressa,
se hoje parar e amanhã voltar estarás cá p'ra mim !

Para mim és mapa que tem sempre algum tesouro,
para outros és banal, e não passas de uma seca,
nunca viram os baús cujas linhas têm ouro,
nunca viram que és o mundo em forma de Biblioteca !

Cansaço.

Vergo-me perante o destino,
que eu próprio escrevo e decido,
perco-me pelo caminho,
na busca de ser um indivíduo,
mas terei eu algum poder,
p'ra escrever o que está escrito,
ou sou dono do meu querer,
neste mundo que eu habito...

Canso-me de não saber,
saber mais do que eu não sei,
só queria tentar perceber,
porque não me encontrei,
nesta vida que é estrada,
sempre cheia de sinais,
que me leva a tudo e nada,
que me traz viver demais !

Vou parando para pensar,
se estou certo ou errado,
mas de tanto ruminar,
não passo de estar estagnado;
talvez saiba que errei,
em não ser mais consciente,
ou então nunca pensei
e a consciência mente .

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ver e sentir !

Nos olhos de quem está à minha frente,
vejo mais que um simples rosto humano,
sinto a vida a respirar intensamente,
vida essa que de viva tanto amo,
ouço olhos que me falam em segredo,
sobre coisas que só sabe o coração,
vejo um rosto que me tira todo o medo,
sinto mais do que só respiração.

Nos braços que me envolvem em magia,
guardo horas para mais tarde me aquecer,
dou mãos às mãos que pintam o meu dia,
com cores do amor para nunca anoitecer,
chego mais perto para ouvir expiração,
chego p'ra longe p'ra saltares no trampolim,
no entretanto eu vou abrindo o coração,
p'ra se caires , caires dentro de mim !