A problemática dos hipócritas.

Saio de casa e olho em frente,

vejo capas de jornais

que já me ficam indiferentes

com noticias tão banais

que por serem tão frequentes

já não consigo ler mais.

É sempre a mesma história,

de um país em podridão,

vai tudo para o mesmo saco,

dá-me essa sensação,

silencia-se o orgulho

que há quem tenha na nação !

Já cheira mal esta ausência de cultura,

Já é altura de enaltecer os criadores,

Já está na hora de acabar com a tortura,

e assumir que portugal, é só fachada

e só doutores.

Cravos e rosas.

As pedras da calçada relembram tempos saudosos,

em que havia inconformismo em cada um,

cada pedra que escurece é por tempos vergonhosos,

por não haver motivação quase em nenhum.

Cada rua ou viela tem uma história para contar

e não se nega a partilhá-la com ninguém,

histórias de outros tempos levadas pelo ar

são das melhores lições que alguém tem.

Plantámos cravos outrora,

colhemos rosas agora,

com espinhos que teimamos em tocar,

entre os que vão p'ra fora,

o Zé do povo que só chora

e não faz nada a não ser tudo lamentar !

A cor da esperança.

Pintei um quadro sobre o meu tempo de criança,

em que as cores das aguarelas eram feitas de lembranças,

pintei-o com um pincel cujo nome era esperança,

essa que eu já conhecia desde o tempo de criança...

Acompanha-me na auto-estrada, nos acidentes sociais,

que p'ra quem pensa serem poucos, posso dizer que são demais,

quando o mundo só se foca em comboios tão banais,

que circulam ao lado da auto-estrada, mas cheios de animais...

Esperança que ficou

que me bate sempre à porta,

que nunca vacilou

na viagem mais torta,

esperança que grita

e teima não ir embora,

e que ainda acredita

que chegará a sua hora.

Apesar da esperança não ser da cor do que eu me lembro,

porque agora tem mais a cor do tempo de Dezembro,

o meu quadro é mais de Abril ou Maio e do seu tempo,

Porque a esperança reflectiu no quadro o meu sentimento !

Partir.

Eu gostava de crescer,

de ouvir e aprender,

tudo de novo...

Eu gostava de voltar,

a viver e sonhar,

junto do fogo...

Mas a vida não pára,

como um rio rumo à foz,

onde nada se separa,

nunca caminhamos sós...

Ergue a tua felicidade,

mostra que fizeste história,

entre tantas gerações,

entre tanta honra e glória;

Deixas-te a tua marca,

gravada no caminho,

onde nunca estás nem estiveste

a caminhar sozinho !

Diferente !

Quando eu atravessava um deserto infinito,

quando nada aparentava ser surpreendente,

vi a vida ao longe a revoltar-se num só grito,

a mostrar-me alguém novo que era diferente.

Sem meias palavras como a generalidade,

sem a hipocrisia que é costume em tanta gente,

fui surpreendido porque afinal é bem verdade,

neste mundo ainda há gente que é diferente !

Sem banalizar qualquer tipo de conversa,

tem um toque nas palavras que vejo raramente,

é bom acreditar que neste mundo que me stressa,

pelo menos , tu, pensas de forma diferente =)

Fomos e somos...

Porque hoje somos o que somos
e nada podemos fazer,
hoje somos o que fomos,
somos simplesmente ser !

Mas não somos o que somos contudo,
seremos cada vez mais ser,
um ser que já não é mudo,
mas foi, sem saber que dizer !

Somos sem ser o que fomos,
fomos sem sermos o agora,
mesmo só sendo o que somos,
somos mais do que fomos outrora !

Aqui estou.

Aqui estou,
neste momento á tua espera
na entrada da estação;
Não me vou,
deste linha que se encerra,
ao chegar ao coração !

Vou esperar,
que o quadro das chegadas
anuncie o teu sorriso;
agora é bom lembrar,
as horas mais amargas
e o quanto foi preciso...

Olhar uma fotografia, imaginar-te tão diferente,
contar os dias que nao via, o teu jeito transparente,
porque tu eras o sol que era lua na madrugada,
e o teu nome agora é sonho, no quadro da chegada !